Entre devaneios e epifânias

Hoje eu tive uma epifania sobre mim mesmo. Eu fiz algumas lives no Twitch. Passei a tarde toda nisso, em pleno domingo de dia mães, 11 de maio de 2025. Ainda tenho muito a aprender, mas fiz o que pude, fiz o que estava ao meu alcance. Meu notebook não é dos melhores, pouca memória RAM e um processador de algumas gerações passadas, sabe? 

Mas enfim, sobre a epifania: eu fui tentando fazer as lives, sem muito ponderamento a respeito do que eu estava planejando, apenas fiz e não pensei a respeito, não escrevi um roteiro, fui no improviso, e assim entendi que não sou uma pessoa muito criativa nem sei ser espontâneo. Beleza, eu já sabia que eu era assim, mas eu estava conversando com a minha namorada pelo Telegram e enquanto contava isso para ela, eu pude colocar em palavras o meu fluxo de pensamento e assim organizar as ideias.

Mas antes disso, preciso dizer pra você o que me levou a fazer (ou tentar, pelo menos) as lives. Eu estava certo dia no Youtube, há uma semana mais ou menos, e vi um vídeo do Doglassola onde ele fazia entregas no ifood de bike, gravando e conversando com as pessoas na rua, ao mesmo tempo em que conversava com o pessoal no Twitch, recebia doações e elas escreviam mensagens etc. Achei muito interessante toda essa dinâmica e a desenvoltura do rapaz. Logo eu me identifiquei com ele, pois eu mesmo já trabalhei como entregador durante uns 3 anos da minha vida. Muito tempo e eu tinha a mesma idade dele, comecei com 22. E no momento estou desempregado recebendo um auxílio do governo que já, já vai acabar, estou tentado estudar, aprender novas habilidades, me recolocar no mercado de trabalho, mas parece que meu tempo passou, tenho 26 anos e me sinto totalmente inútil. Não sou excepcional em nada do que eu faço e não sei fazer mais do que o básico e sempre parece que tem alguém melhor do que eu em tudo. Eu sei que eu não deveria me comparar, mas isso é uma conversa para outra hora.

 Enfim, minha primeira live foi bem básica, desenhando coisas no paint pra um total de 0 pessoas. Ninguém viu minha live e eu fiquei mais ou menos uma hora falando sozinho. Pra quem visse de fora seria muito deprimente, mas eu me diverti, foi uma experiência nova e interessante. Algo que eu nunca fiz na vida e acho que isso é mais do que o bastante. Serve como uma experiência e pelo que vi dos vídeos do Douglas, as pessoas gostam de ver a realidade sendo vivida. Depois tentei fazer uma live jogando Transformice, mas meu notebook quase teve um derrame. Travou tudo e não dei continuidade, na terceira e última live que fiz até o momento, eu joguei Stopots. E minha namorada disse que eu parecia o Gary Oldman em o Quinto Elemento, porque meu cabelo tá grande e tenho uma franja. Vou abrir um parênteses: fui pra missa com a minha mãe hoje de manhã e almoçamos feijoada. Minha namorada disse que se sente num ninho de cobras na faculdade, ela tem a mesma idade que eu e todo mundo lá é mais jovem e "diferente", somos de uma outra época, é estranho. As coisas simplesmente não se encaixam mais. Enfim, comunismos, cultura woke e polarização política no mundo, corrupção no brasil, lesbianismo, traição, blá-blá-blá, merdas que acontecem em universidades públicas. Ela disse que é uma chatice e é melhor não entrar em detalhes. Minha namorada também não se importou muito com o que eu tinha descoberto sobre a vida secreta do streamers. É uma experiência diferente, como o próprio Douglas falou (quando foi pra BGS) que pra uma pessoa normal, ir em um evento é de um jeito, mas pra quem é youtuber, influencer é outra. Percebi que quem faz essas coisas tem uma naturalidade inata, eles são bem extrovertidos, quase que como se fossem de outra realidade (e realmente são). Eu, por outro lado, sou extremamente controlado e não consigo ter reações espontâneas sem parecer forçado. Acredito que não haja salvação para mim. Mas não estou preocupado com isso, só estou observando minha própria condição de ser, a forma como existo e como sou enxergado pelos outros. Spoiler: É totalmente diferente de como eu mesmo me vejo. Até que vi minha imagem refletida na tela, não era como no espelho, eu já tinha visto antes e tinha consciência disso, minha vida inteira uma mentira, eu acreditava ser alguém e era outra pessoa. Só agora eu lembrei que o que eu vejo refletido no espelho é uma mentira.

É estranho me ver como uma terceira pessoa. Minha namorada não entende minhas indagações a respeito disso. Mas a questão é que ela é meu novo diário. Ela não entendeu e pensou que eu estava chamando ela de caderno. Mas um diário é a coisa mais íntima que alguém pode ter. É onde você conta seus segredos. Imagina você escrever tudo que te aconteceu no dia e as coisas que pensou a respeito de cada detalhe sutil que notou na expressão de alguém ou na forma de falar. Pois é. Depois ela se aprofundou no assunto da faculdade, depois conversamos sobre política global e um plano para enriquecermos juntos. E depois notamos que essa sede por riqueza é outra mazela da sociedade. Almejamos a vida toda por algo tão supérfluo, sempre queremos ter mais que os outros e o muito nunca é suficiente. Depois conversamos sobre invadir um terreno e chamar de nosso, depois de 10 anos de usucapião. Dei um boa noite e virei as costas para refletir.

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